Na margem esquerda do Rio Jaguaribe, que atravessa a cidade de Nazaré, tem lugar todas as quartas-feiras a tradicional Feira da Banana. Nesse dia da semana, Nazaré se transforma num entreposto de banana de todo o Recôncavo. O escoamento da mercadoria para a capital do estado é feito em saveiros, que em número de algumas dezeas partem carregados do proto fluvial de Nazaré, com destino a Salvador.
O documentário aborda o aspecto geo-econômico da cultura da banana na região, sua comercialização e transporte para o mercado consumidor. Um maior destaque é dado ao processo de mutação nos meios de transporte, com a chegad o ferry-boat e o surgimento de novas rodovias, ameaçando o saveiro na sua função econômica e a própria existência da Feira da Banana.
O filme procura chamar a atenção para as limitações e paradoxos provocados por um desenvolvimento econômico que pode marginalizar o próprio homem. O progresso desordenado vai fazer o pequeno agricultor da banana e os embarcadiços pagarem o preço do desenvolvimento.
texto escrito por Guido Araújo em 1972
Em 1971, num depoimento para o crítico Alex Viany sobre os 19 filmes da série A Condição Brasileira, sobre a região Nordeste, Thomaz Farkas diz que no cinema documentário prefere aqueles filmes em que “as coisas são ditas não pelas pessoas entrevistadas mas pela construção dramática do filme”. Diz que gostaria de “embarcar no visual e no sonoro dramático, na conquista do tema pela sua natureza e essência e não pelo que se fala dele. A diferença é sutil mas básica e leva de novo o espectador a vibrar com a dramaticidade do filme do ponto de vista fílmico e não do falado”. Como fotógrafo e produtor (De raízes & rezas, de Sergio Muniz; A morte das velas no recôncavo e Feira da banana, ambos de Guido Araújo; e Trio elétrico, de Miguel Rio Branco) ou como produtor (Ensaio, de Roberto Duarte) Farkas procurou estimular a livre invenção de diferentes modos de realizar filmes documentário em que a construção dramática revela para o espectador algo além do que dizem os entrevistados.
direção e roteiro: Guido Araújo
produção: Thomaz Farkas
produção associada: Guido Araújo e Cinemateca do MAM (Museu de Arte Moderna – RJ)
montagem: Sergio Muniz
som direto: Djalma Correia
fotografia: Thomaz Farkas
fotografia adicional: Jorge Bodanski
mixagem: Walter Goulart
música: Quinteto Violado, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Os Populares
apresentação: Francisco Liberato
narração: J. C. Avellar
laboratório de imagem: Kodak, Rex e Líder
laboratório de som: Riosom
produção executiva: Alba Liberato, Benito Fernandez e Gumercindo Tavares